Celibato
Estudos bíblicos, pregações e orientações sobre o casamento fazem parte da rotina eclesial, mas pouco é dito sobre o que significa ser solteiro, como servir a Deus na condição de solteiro ou ter o celibato elevado como um chamado legítimo na vida.
A realidade é que, mesmo no meio cristão, o estado civil de solteiro costuma ser tratado como um projeto indesejável ou algo relacionado ao fracasso afetivo. No entanto, não foi assim que Jesus ou Paulo falaram sobre o assunto.
Jesus colocou o celibato como uma questão de capacidade individual e que nem todos estavam aptos para tal. Se por um lado o casamento é a vontade original de Deus para o ser humano, por outro, Ele concede a capacidade de alguns viverem solteiros, com ausência de atividade sexual, até a morte. Mateus 19:11-12.
Jesus falou de três classes de celibatários:
- Aqueles que nasceram eunucos.
- Aqueles que foram feitos eunucos pelos homens.
- Aqueles que se fizeram eunucos por causa do Reino.
No contexto de Mateus 19:11-12, Jesus estava respondendo a uma pergunta dos discípulos sobre o divórcio. Ele começou abordando a questão do casamento, afirmando que, desde o princípio, Deus criou o homem e a mulher para se unirem e se tornarem uma só carne. Em seguida, Jesus mencionou que o divórcio foi permitido por causa da dureza do coração humano, mas que não era assim desde o princípio.
Após essa explicação, Jesus discutiu o celibato e mencionou três categorias de pessoas que optam por permanecer solteiras ou celibatárias:
Aqueles que nasceram eunucos: Essa categoria se refere às pessoas que nascem com uma condição física ou biológica que as impede de ter relações sexuais ou de se casar. Há também aquelas pessoas que nasceram sem o desejo sexual e se sentem confortáveis em viver deste modo. Historicamente, o termo "eunuco" era usado para se referir a homens castrados, mas no contexto de Mateus 19, Jesus usa a palavra de forma mais ampla para abranger também outras condições além da castração.
Aqueles que foram feitos eunucos pelos homens: Nessa categoria estão aqueles que foram castrados por vontade de outras pessoas. Essa situação mostra um celibato forçado pelos homens, de modo direto ou pelas circunstâncias. Em casos extremos encontramos a castração. Há também celibatários por causa de uma profissão ou por alguma dificuldade familiar. Na época em que Jesus viveu, os eunucos eram frequentemente castrados para servirem em posições de confiança e autoridade em casas reais, harens ou templos. Jesus reconhece que algumas pessoas se tornaram eunucos devido à intervenção de outros. (Is 39:7; Dn 1:3; 1 Tm 4:3).
Aqueles que se fizeram eunucos por causa do Reino de Deus: Essa categoria refere-se a pessoas que, por motivos espirituais ou religiosos, escolhem permanecer celibatárias a fim de se dedicarem totalmente ao serviço de Deus. Esses indivíduos optam por abrir mão do casamento e das relações sexuais, a fim de se concentrarem inteiramente no serviço a Deus e na disseminação do Reino. Jesus, João Batista e Paulo pertencem a esta categoria.
A menção dessas três categorias de celibatários por Jesus indica que ele reconhecia diferentes caminhos de vida e vocações, incluindo aqueles que escolheram permanecer solteiros por motivos espirituais. Essas palavras de Jesus foram significativas, especialmente em uma cultura em que o casamento e a procriação eram amplamente valorizados. Elas fornecem uma base para a compreensão do celibato como uma escolha legítima para aqueles que são chamados a se dedicarem exclusivamente a Deus.
No entanto, é importante notar que o celibato não é uma obrigação para todos os cristãos. Jesus está simplesmente apontando que o celibato é uma opção válida e honrosa para aqueles que sentem um chamado específico nessa direção. A escolha entre o casamento e o celibato é uma decisão pessoal e deve ser feita com discernimento e orientação espiritual. (veja Mateus 19:11-12 e 1 Coríntios 7:1-40).